"Belém, na tua rede de mangueiras/ na verde solidão das altas horas/ o rio te põe no colo e te acalenta/ o rio te põe no colo e te apascenta/ o rio te põe no colo e te deflora"
(João de Jesus Paes Loureiro)
Poeta, folclorista, ensaísta e dramaturgo. Esses são alguns dos adjetivos que se pode atribuir ao escritor paraense João de Jesus Paes Loureiro. Nascido em Abaetetuba, cidade paraense situada à margem do Rio Tocantins, em 23 de Junho de 1939; Cursou a Faculdade de Direito e a Faculdade de Letras, Artes e Comunicação, na Universidade Federal do Pará. De 1964 até 1976, em decorrência de sua poesia, militância política e idéias democráticas, foi perseguido e várias vezes preso pela ditadura militar, sofrendo torturas, graves perseguições e privações de oportunidades profissionais. No final da década de 70 tornou-se, por concurso público, professor de Educação Artística na Escola Técnica Federal do Pará e de História da Arte, Introdução à Filosofia e, depois, Estética Cultura e Comunicação, na UFPA. Tornou-se Mestre
Livros publicados:
Tarefa: Pará: Falângola, 1964; Cantigas de amar de amor e de paz - Poesia. Belém: Graf. Globo, 1966; Epístolas e Baladas - Poesia. Belém: Grafisa, 1968; Remo Mágico - Poesia. Belém: Graf. Sagrada Família, 1975; Enchente amazônica - Poesia. Separata publicada pelo Conselho de Cultura do Pará, 1976; Porantin - Poesia, Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1979; Deslendário - Poesia, Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1981; Pentacantos - Poesias. São Paulo: Roswitha Kempf, 1984; Cantares Amazônicos - Poesia. São Paulo: Roswitha Kempf, 1985; O Ser Aberto - Poesia, Belém: Cejup, 1987; Romance das três flautas ou de como as mulheres perderam o domínio sobre os homens - Poesia. Tradução para o alemão de Hildegard Fauser-Werle. Ed. Bilíngüe. São Paulo: Roswitha Kempf, 1987; O Poeta Wang Wei ( 699 – 759 AD ) Na visão de Sun Chin e João de Jesus Paes Loureiro - Poesia. Ed.Bilíngüe. São Paulo: Roswitha Kempf, 1988; Artesão das Águas. Belém: Cejup/Universidade Federal do Pará, 1989; Iluminações/Iluminuras - Poesia. Tradução para o japonês Kikuo Furuno. Ed.Bilíngüe Roswitha Kempf, 1988; Altar em chamas e outros poemas. São Paulo: Cejup Cultural, 1989; Elementos de Estética. Belém: Cejup, 1989; Cinco palavras amorosas à Virgem de Nazaré - Poesia. Belém: Cejup Cultural, Belém-PA, 1989; Tarefa - Poesia. feed. Fac-similar. Pará: Falângola, 1989, Erleuchtungen/Malereien (Iluminações/Iluminuras). Tradução para o alemão Michael V. Killischh. Munique: Horn, 1990; Cantares Amazônicos - Coletânea de Poemas. Ed.Bilíngüe. Português e Italiano, lançado em L’Aquila, Itália. Pará: Falângola, 1990; Cantares Amazônicos. Berlin, Alemanha (em português e alemão), 1991; Cultura Amazônica – uma poética do imaginário. Belém: Cejup, 1991; Un Complainte pour Chico Mendes. Tradução Lyne Strouc. Foire International Terres de L’Avenier-CCFD. Paris, França, 1992; A poesia como encantaria da linguagem – Hino Dionisíaco ao Boto. Belém: Cejup, 1992; Altar em Chamas - Poesia, Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1992; Belém. O Azul e o Raro. Belém: Edição de Violões da Amazônia, 1998; Pássaro da Terra - Teatro. São Paulo: Escrituras, 1999.
Poemas inclusos nas seguintes antologias:
Literatura Brasileira
Outros trabalhos:
Inventário cultural e turístico do Pará. Funarte/Idesp/Cecult; Proposta Modular de Educação e Cultura – SEMEC. Cadernos de Cultura, 1985; Proposta Contextual de Educação Infantil – SEMEC. Cadernos de Cultura, 1986; Projeto PREAMAR: O Pará e a Expressão Amazônica – Boletim da Fundação Cultural “Tancredo Neves”, 1996.
Discos:
Disco com músicas de sua autoria – Escorpião/Rosembi, 1974; Até a Amazônia - músicas com Quinteto Violado. Rio de Janeiro, Phonogran, 1975; Rostos da Amazônia - Poesia, com Sebastião Tapajós ao violão. Rio de Janeiro, Phonogran, 1985; O Rei e o Jardineiro - com Quinteto Violado. Produção independente, 1995; Belém. O Azul e o Raro - (para ler como quem anda nas ruas) Poesia e Música com SalomãoHabib,1998.
Obras Premiadas:
Ilha da Ira. Primeiro Prêmio do Serviço Nacional de Teatro, Ministério da Educação, Rio de Janeiro, 1976; A Procissão do Sayrê. Inacen/MEC – Rio de Janeiro, 1977; Altar
Vale à pena assistir, ler e refletir sobre os poemas de Paes Loureiro.
Réquiem para Dorothy Stang
(A música litúrgica foi composta por
Paulo José de Campos Mello)
1. Introitus
Tambores da terra
Tambores da água
Tambores do fogo
Tambores do ar.
Amazônia! Amazônia!
A liberdade dos pássaros voando.
A liberdade dos peixes navegando.
A liberdade das águas desaguando.
A liberdade das árvores crescendo.
Amazônia! Amazônia!
Cristo caminhava sobre as águas.
Rudá revoava nas florestas.
Foi ali que Dorothy Stang
pela terra sem males viveu.
Foi ali que Dorothy Stang
pela terra sem males morreu.
2. Kyrie
Senhor
tem piedade da terra e do homem da terra.
Cristo
tem piedade da terra que mata o homem da terra.
Rudá
tem piedade do homem que morre em defesa da terra.
3. Dias irae / Lacrimosa
Dias de ira virão
quando a floresta
for somente cinzas.
Dias de ira virão
quando a vida na floresta
for somente cinzas.
Assim diz o canto do acauã.
Assim diz a voz de Dorothy.
Dias de ira virão na terra vã.
Ai! Dias de lágrimas
por Dorothy Stang, Chico Mendes
Pe. Josino, Canuto, Mártires da Terra.
Dias de lágrimas
por Dorothy Stang, nossa irmã,
que por ela já não canta o acauã.
Tudo acabou.
Tambaramã.
Tudo Acabou.
Tambaramã.
4. Sanctus
Santos! Santos! Santos!
Jesus Cristo! Caruanas! Encantados!
Recorda-te Jesus Piedoso.
Recorda-te Rudá, Deus da Floresta.
Tu que sempre acompanhaste os homens
e mulheres da terra,
por que deixaste só nesse caminho
nossa irmã Dorothy?
Assim foi alvo tão fácil para as balas
seu coração de pássaro sem ninho.
Rio de sangue.
Tamalatiá.
Rio de sangue.
Tamalatiá.
5. Benedictus
Bendita irmã
que vieste em nome do Senhor!
Não pudeste vencer o latifúndio
assassino do homem,
algoz da natureza.
Quem poderá nos salvar?
Quando o dia da justiça há de chegar?
6. Agnus Dei
Cristo-Rudá!
Tu que tiraste os pecados do mundo
Tem piedade de nós.
Cristo-Rudá!
Tu que tiraste os pecados do mundo
por que não tiraste da mira do assassino
nossa irmã Dorothy?
Seis balas cravadas em seu peito
só derramaram amor do coração.
Estava só nessa hora e sem defesa
aquela que defendia cada irmão.
Cristo-Rudá!
Tu que tiraste os pecados do mundo
não pudeste impedir
que Dorothy
morresse na mão do algoz.
Tem piedade de nós.
7. Lux aeterna
Tambores da terra
Tambores da água
Tambores do fogo
Tambores do ar.
Tambores de toda a Amazônia, tocai!
Pela irmã Dorothy Stang, tambores tocai!
Para acordar o coração do mundo
tambores tocai!
Para romper o silêncio do mundo
tambores tocai!
Por nossa irmã Dorothy Stang
tambores tocai!
Por aquela que viveu pela terra sem males
tambores tocai!
Por aquela que morreu pela terra sem males
tambores tocai!
Por nossa irmã Dorothy Stang
tambores tocai!
Dá-lhe, Senhor, repouso perpétuo e sublime,
que ela merece todos os hinos
e que a luz eterna divina a ilumine.
Referências:
# Blog do Paes Loureiro.
# Feitosa, Soares, Jornal de Poesia.
Bendito seja o poeta , que em letras transformam nossas vidas em beleza.
ResponderExcluirA poesia faz parte de nossas vidas e eu quero fazer parte da poesia.
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